
Primeiramente Salve o Dia de Hoje! Salve São Jorge Guerreiro! Ogunhê, meu pai!
Ontem, 22, vivi um momento eterno: recebi o Prêmio “Mestra da Cultura Popular de Parintins”. Um reconhecimento que carrego com gratidão a Deus, a Oxalá, a Oxóssi, aos meus filhos de sangue e de santo, e a todos os amigos que caminharam comigo com coragem, amor e axé.
São mais de quarenta anos de resistência.
Sofri o peso do preconceito, da intolerância, do silêncio. Fui ferida na fé e no corpo, chamada de “macumbeira” com dor. Mas sobrevivi. O que antes me feria, hoje me fortalece. Sou macumbeira!
Gratidão ao meu Pai de Santo, que me acolheu, ensinou e guiou muitos outros no caminho da fé como ato de resistência. Ele vive em mim e em todos que veem a Umbanda como força viva.
Este prêmio é mais que pedaço de acrílico. É um ato de reparação histórica. Por muito tempo, fomos apagados da cultura de Parintins. Agora, reconhece-se até que o Boi Bumbá tem raízes negras e que a Umbanda também floresceu aqui. Resultado de luta!
Agradeço à professora Cristiana Butel e ao meu filho, professor Franciney Silva, pilares desta conquista. E com reverência, às Mães de Santo Socorro e Édna, e a outras irmãs de fé, a quem estendo esse prêmio também. São tão mestras quanto eu.
Um agradecimento direto ao amigo Prefeito @mateusassayag . Minha gratidão pela sensibilidade e respeito. Seu gesto planta dignidade.
Por fim, é preciso dizer que a Umbanda vive. Vive nos tambores, nas folhas que tornam macio o chão de nosso terreiro. Vive na fé de quem nunca desistiu.
E hoje, com este prêmio nas mãos, é a história de uma religião que encontrou o seu canto.
Em Parintins, a Umbanda vive!
Axé!
Benedita Pinto dos Santos - Mãe Bena de Oxóssi, Sacerdotisa da Umbanda e Mestra da Cultura Popular de Parintins